A avaliação é peça chave no
processo de ensino-aprendizagem; porém, nem sempre escolas e educadores a
empregam de maneira eficiente. (...) uma avaliação bem elaborada e aplicada
pode trazer insights sobre o
desenvolvimento de cada aluno, sobre o grupo como um todo, sobre as práticas do
professor em sala de aula e a adequação das metodologias para se atingir os
objetivos propostos.
Porém, extrair tanta informação
nem sempre é intuitivo – pelo contrário, requer planejamento e intencionalidade
de toda a equipe de educadores. É preciso que a escola se questione o que
pretende descobrir, afinal, uma única avaliação, muito provavelmente, não será
capaz de desvendar toda a trajetória do aprendizado de um aluno. Ela precisa,
portanto, de um objetivo
definido. É a partir desse objetivo que o formato, as questões e os resultados
esperados serão traçados.
Para esclarecer o uso de
avaliações de forma construtiva, a Geekie listou cinco erros que devem ser
evitados na hora da avaliação escolar.
Confira:
Formato da avaliação
Se você já ouviu falar em tipos
de inteligência, isso fará todo o sentido: as pessoas aprendem de formas
diferentes. Enquanto um aluno devora livros e estuda sublinhando parágrafos
inteiros com uma caneta marca-texto, outro vai escrever músicas para memorizar
o conteúdo, enquanto um terceiro, por sua vez, talvez prefira um fórum em que
pode discutir e trocar opiniões. Impor um único formato de avaliação exclui
alunos que não se encaixam em um padrão de aprendizagem definido pela escola.
É aí que o Ensino
Híbrido conquista seu espaço. Ele defende que um mesmo
assunto seja abordado com ferramentas variadas: uma aula expositiva não está
proibida, mas pode ser seguida por um debate, exercícios online, vídeos,
pesquisa de campo, projetos em grupo. Assim, a aprendizagem se torna mais
dinâmica, os alunos, mais engajados e cada estudante é capaz de identificar as
metodologias com as quais se identifica.
Isso deve ser considerado
cuidadosamente na hora da avaliação. Se a prova de múltipla escolha é
requisito, ainda assim pode ser complementada por outras experiências – assim,
todo aluno tem a chance de se destacar!
Frequência da avaliação
Empregar uma avaliação na
conclusão de um ciclo cumpre apenas uma das funções da prova: a
classificatória. No entanto, a avaliação tem papel diagnóstico e formativo
quando utilizada no início e durante o processo de ensino-aprendizagem. (...)
Uma avaliação inicial, antes de
se introduzir um novo conteúdo, permite ao professor compreender aquilo que o
aluno já sabe sobre o tema. Ele consegue ainda mapear os interesses naturais do
aluno, o que pode orientar a estratégia do professor para tornar aquela aula
relevante e envolvente, e entender como o contexto em que o aluno vive
influencia suas opiniões (idem). Uma avaliação inicial também aponta quais
lacunas de aprendizado resistiram e podem colocar em xeque seu desempenho
futuro.
Ou seja, a avaliação deve
fornecer dados que guiem as práticas pedagógicas constantemente – assim, a
intervenção do educador traz resultados rápidos, ao invés de entrar em
discussão somente para o próximo ano letivo.
O valor do erro
Não considere o erro uma falha –
nota baixa e pronto, problema resolvido. Isso vai ao encontro do item anterior:
o caráter da avaliação é formativo. Tire, portanto, informações relevantes
desses erros e use-as em suas intervenções pedagógicas.
O erro é de um único aluno ou foi
comum à toda a turma? Por que tantos alunos tiveram a mesma conclusão errada? O
que foi dito ou feito em sala de aula que os levou a tais respostas? Erros são
pistas valiosas sobre como o aluno aprende, não os desperdice!
Interpretação dos resultados
Ok, você começou a fazer
avaliações variadas e com mais frequência – porém, sem saber interpretar os
dados recebidos, muito pouco deve mudar na sua prática pedagógica.
Embora não seja um hábito comum
nas escolas, a habilidade para ler e interpretar gráficos e tabelas, cruzar
informações e tomar decisões baseadas em dados é de extrema importância. Gestor, invista na capacitação da equipe
para que cada um saiba quais as informações mais relevantes para sua
disciplina.
Exames nacionais
A aprendizagem não deve carregar
como foco exclusivo o preparo para exames nacionais; entretanto, seria ingênuo
dizer que eles não representam uma preocupação para a escola. Se o objetivo é
preparar os alunos para essas provas externas, cada professor deve entender
como elas são elaboradas, quais conteúdos e competências cobram e como é
realizada a correção.
Se sua escola tem foco no Exame
Nacional do Ensino Médio (Enem), procure entender seu objetivo e metodologia (a
Teoria de Resposta ao Item) ... Se a maioria dos alunos vai prestar vestibular
em uma universidade da região, conheça a prova. Assim, a escola será capaz de
oferecer avaliações semelhantes e os estudantes, por sua vez, estarão mais
confiantes quanto ao que encontrarão na hora H.
Marcela Lorenzoni