E.E.F.M. Padre Luís Filgueiras

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Professora obesa tem o 2º recurso negado e decide entrar na Justiça

Bióloga de Araraquara passou em concurso, mas foi considerada inapta.
Departamento de Perícias Médicas diz seguir critérios técnicos e científicos.




A bióloga de Araraquara (SP) Ana Carolina Buzzo Marcondelli teve negado, nesta sexta-feira (23), o segundo recurso para tentar assumir o cargo de professora em Matão. Ela passou em 15º no último concurso público estadual, mas, por ser obesa mórbida, foi considerada inapta para o cargo pelo Departamento de Perícias Médicas do Estado (DPME).
A mulher de 33 anos pretende recorrer à Justiça para assumir o cargo e quer processar o Estado. O DPME informou, em nota, que segue critérios técnicos e científicos previstos no Estatuto dos Funcionários Públicos.
Processo
O resultado do segundo recurso foi publicado no Diário Oficial do Estado de São Paulo. “Minha advogada vai entrar com um mandado de segurança para que eu assuma a vaga, depois eu entro com outro processo por danos morais e materiais porque foram três viagens para fazer a perícia em São Paulo. Também vou processar por assédio moral porque o Estado já é meu contratante, pois existe uma relação de empregado e empregador. Estou muito confiante, tenho fé que o juiz será favorável”, explicou.
Entenda o caso
Ana Carolina passou em 15º lugar entre candidatos para lecionar ciências e biologia em Matão. Ela tem 1,65m e 117 quilos, o que a deixa com Índice de Massa Corporal (IMC) de 43. O número é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como obesidade mórbida, já que o limite é de 40.
Em fevereiro fez os exames e, em março, recebeu o resultado de que não poderia assumir o cargo. Ela entrou com recurso e em abril foi considerada novamente inapta. No mesmo mês, Ana entrou com o novo recurso, que agora também foi negado.
Durante três anos, ela deu aulas para alunos de 11 a 15 anos da rede estadual. Atualmente ela dá aulas como professora substituta em uma escola em Américo Brasiliense e em uma universidade de Araraquara.
“Já me senti extremante brava, humilhada, mas hoje eu dou risada porque é ridículo. Eles estão me impedindo de assumir uma coisa que eu já sou. É ridículo a gente ter que entrar na Justiça para assumir um cargo. Eu já deveria estar dando aula como efetiva desde março na escola que eu escolhi”, reclamou.
Ana contou que a maioria dos professores que pediram o segundo recurso teve seu pedido recusado, por isso não ficou surpresa com a resposta. “Felizmente meus alunos não estão sem aulas, mas com certeza existem alunos sem aula porque o Estado não está liberando os professores para assumir”, disse.
Legislação
A bióloga informou que já entrou em contato com deputados da região e pessoas que possam ajudar a elaborar uma legislação que impeça que casos como esse voltem a acontecer. “Para mim independe o partido, quanto mais apoio a gente tiver melhor e maior a chance de aprovação na assembleia legislativa. Estou só esperando passar isso para sentar com que entende”, explicou.
Em nota, o DPME informou que segue critérios técnicos e científicos previstos no Estatuto dos Funcionários Públicos e que Ana, além de ser obesa mórbida, tem outros problemas de saúde.
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Biólogo passou em concurso, mas foi reprovada na perícia por obesidade (Foto: Ana Carolina Buzzo Marcondelli/Arquivo pessoal)

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