Em dezembro de 2010, um professor universitário de Minas Gerais foi mais uma vítima da violência nas instituições de ensino. Kássio Vinicius Castro Gomes, 39 anos, foi morto a facadas. O principal suspeito, Amilton Loyola Caires, 23 anos, aluno da vítima. Segundo a polícia, o jovem afirmou em depoimento que era humilhado pelo professor e virou motivo de chacota por causa de uma cicatriz e uma falha em um dente.
Universitários, colegas do suspeito, dizem que o jovem foi reprovado na disciplina de Educação Física, lecionada pela vítima, e teria discutido antes da agressão por causa de uma nota aplicada por Gomes.
No Rio de Janeiro, uma discussão por causa de um MP3 player teria sido a causa para a agressão de um aluno a uma professora. A professora acabou com um dedo quebrado por ter recolhido o aparelho e a mochila de um aluno de 13 anos na Escola Municipal Pereira Passos, no Rio Comprido. Ela registrou queixa na polícia.
VEJA A OPINIÃO DE UM ESPECIALISTA NO ASSUNTO:
Segundo o professor Renato Antônio Alves, do Núcleo de Estudos da Violência da Universidade de São Paulo (USP), a violência é algo que deve ser debatido na própria escola. Para ele, são dois os principais motivos que levam ao comportamento agressivo: a falta de obediência às regras - não só por parte dos alunos, mas de todos no ambiente escolar - e a falta de respeito à figura do professor - o que, muitas vezes, é culpa do próprio educador.
Alves explica que as regras na escola devem ser claras e respeitadas. Ele afirma que, se um aluno quebra uma regra, ele deve ser levado à diretora e punido adequadamente - chamando os pais para uma conversa, por exemplo. “Hoje, se a professora leva o aluno à diretoria e esta não aplica uma punição, o recado que está sendo dado, tanto ao aluno quanto à professora, é de que as regras podem ser quebradas”.
Por outro lado, o professor deve transmitir segurança, estar predisposto a ajudar e auxiliar o aluno. "O professor que a gente respeitava era aquele que mostrava algum tipo de autoridade, mas não é aquele que grita, que se impõe pela força, mas sim pela autoridade do saber, que ele conquista na relação com o outro, pela admiração pelo saber que ele tem", diz Alves.
"A figura do professor tem uma função mediadora, mas quando isso não acontece, abre espaço para a violência". Segundo o especialista, se o aluno não aprende a respeitar os limites e não vê no professor uma figura de respeito e confiança, ele vai "se virar do jeito que ele conseguir". "Esses casos mostram a limitação que você tem com o diálogo e podem se desdobrar nessas situações que aparecem no jornal (de violência)".