*O Levante Popular da Juventude é uma organização de jovens
militantes voltada para a luta de massas em busca da transformação da sociedade.
O mês de
março é o mês da Luta Internacional das Mulheres. Antes de ter sido apropriada
comercialmente, a comemoração do dia 8 surgiu como uma data que marca a
resistência e a luta por direitos para as mulheres, protagonizada por elas ao
redor do mundo.
São mulheres
corajosas e poderosas com histórias inspiradoras, que dedicaram suas vidas à
luta para revolucionar o mundo. Apesar da grande importância — seja na
política, ciência, artes e etc. — a maioria delas teve seus nomes escondidos e
até mesmo apagados pelo patriarcado, que subvaloriza o papel e o poder das
mulheres na sociedade. Por isso, nessa data simbólica, nós mulheres do
Levante Popular da Juventude decidimos resgatar essas memórias para
homenageá-las e dizer que a história é viva e caminha!
No projeto
fotográfico “As Mulheres Cabulosas da História” retratamos 43 dessas
personagens, sugeridas pelas próprias fotografadas. Nosso objetivo é mostrar,
através da releitura de imagens, que essas mulheres continuam mais vivas do que
nunca. Continuamos lutando inspiradas pela trajetória delas que jamais serão
esquecidas por nós!
Além disso,
o projeto nos mostrou que, infelizmente, ainda temos um número muito reduzido
de mulheres negras e indígenas conhecidas e reconhecidas pela história
transmitida através da mídia e dos livros. Muitas dessas mulheres tiveram seus
nomes ignorados ao longo da história e isso nos atenta para a importância de
discutirmos não só o machismo, mas especialmente o racismo.
Acreditamos
em um mundo em que mais mulheres consigam se espelhar na força dessas
personagens e que sejamos nós as protagonistas da nossa própria revolução!
Confira alguns dos casos
citados:
Maria da Penha é cearense e foi agredida fisicamente pelo marido
durante todo seu casamento. Sofreu duas tentativas de homicídio: uma por arma
de fogo, que a deixou paraplégica, e outra, em que foi eletrocutada durante o
banho. Em 2006, o Governo brasileiro decretou a Lei nº 11.340, para coibir a
violência contra a mulher, simbolicamente a lei leva seu nome: “Lei Maria da
Penha”.
Dandara foi liderança junto ao seu companheiro, Zumbi no do maior quilombo das
Américas: o Quilombo dos Palmares. Ela plantava, trabalhava na produção da
farinha de mandioca, caçava e lutava capoeira, usava armas para liderar homens
e mulheres de resistência do quilombo.
Tarsila do Amaral foi a precursora no Movimento Modernista nas artes
plásticas nos anos 20 e 30, em São Paulo. Apesar de pertencer à burguesia paulistana,
ela foi a primeira artista a valorizar a cultura e o povo brasileiro em suas
obras.
Maria Bonita é chamada de Rainha do Cangaço, que não por acaso,
nasceu em 1911 em um 8 de marco, foi uma mulher corajosa, de arma na mão,
decidida, que rompeu parâmetros de uma época para seguir um grupo que vivia à
margem da lei. Foi a primeira mulher a ingressar no Cangaço e se decidiu se
lançar pelo Sertão justamente depois de uma das brigas de um casamento abusivo.
Olga Benário foi membro do Partido Comunista alemão desde 1926,
participou do V Congresso da Juventude Comunista e foi presa por três meses,
acusada de atividades subversivas. Veio ao Brasil, com o objetivo de liderar
uma insurreição armada que instalasse um governo revolucionário, mas foram capturados
pela polícia e mesmo estando grávida, Olga foi deportada para a Alemanha para
ser executada pelos nazistas, em 1942.
Simone de Beauvoir foi a filósofa francesa, vanguardista do movimento
existencialista e que escrevia sobre o feminismo, a luta feminina, as mudanças
de papéis sociais estabelecidos, assim como a participação nos movimentos
sociais em seus livros. Ela é a referência clássica da literatura feminista.
Carolina Maria de Jesus foi moradora da favela do Canindé, zona norte de São
Paulo. Ela trabalhava como catadora e registrava o cotidiano da comunidade em
cadernos que encontrava no lixo. Ela é considerada uma das primeiras e mais
importantes escritoras negras do Brasil.
Zuzu Angel foi estilista e valorizou a moda brasileira com as
rendas cearenses, estampas de chita, cores e formas tropicais. Ela protestou
contra o regime militar através de suas estampas, mas após o desaparecimento de
seu filho, militante do Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR-8), ela
começou a denunciar a tortura e assassinato de jovens presos. Zuzu morreu em
1976, em um acidente de carro provocado por agentes da repressão.
Para ler o artigo do projeto fotográfico “As
Mulheres Cabulosas da História” na
íntegra clique AQUI.