A
docência é uma prática
que se realiza pela ação do professor na escola, especificamente,
no interior da sala de aula. A prática docente é parte do conteúdo
do trabalho do professor que visa à adaptação de regras diante das
possibilidades de ensinar, ou seja, é fundamental o foco da ação
docente na aprendizagem do aluno.
Assim,
o professor deve dominar o conteúdo a ser ensinado e daí elaborar a
sua aula, tendo o planejamento como determinação que orienta a sua
atividade, guiando o ensino e criando um efeito em cada aluno de
forma especial que toque a sua sensibilidade e atenção. Desse modo,
a aula pressupõe na sua construção, além da definição de um
conteúdo, um método.
A
técnica pedagógica nos revela a necessidade do domínio do conteúdo
e para ensiná-lo cabe ao professor subdividi-lo em partes, para que
explicado em sala de aula aos alunos, estes possam aprender. Aqui a
pedagogia como técnica se aproxima das pedagogias tradicionais.
Foi
por mais de um milênio que os professores fizeram a aula, limitados
pela exposição, leitura, cópia, uso do quadro negro para promover
a transmissão dos conteúdos de ensino. A ideia central era fazer a
aula tendo como preocupação o desafio do ensino para grupos de
alunos, mas o professor deveria fazer a sua aula como se a fizesse
para apenas um aluno.
No
século XX a pedagogia moderna trouxe uma grande contribuição ao
processo pedagógico. As teorias psicológicas foram aplicadas,
sistematicamente, ao campo do ensino no contexto escolar o que
permitiu importantes avanços no pensamento e nas práticas
pedagógicas.
Nos
últimos anos, temos presenciado a rediscussão da atividade docente,
o que requer dos professores uma releitura da sua identidade. A
docência se faz, também, como uma prática reflexiva diante das
novas revelações, complexas situações e saberes plurais que
envolvem o ensino e a aprendizagem, não podendo se limitar a uma
dimensão técnica, prescritiva ou experimental.
Assim,
a docência requer que os professores tenham claro o que é o ensino,
como se faz para ensinar melhor, proporcionando aos alunos acesso
fácil ao conhecimento e domínio dos saberes para aplicá-lo em
situações das suas vidas pessoais.
Essas
questões nos levam a compreender a função social da escola como
instituição e o significado do trabalho docente. Mas qual escola e
para qual sociedade estamos comprometidos como professores? Qual é a
responsabilidade da escola para a formação de sujeitos? Qual é a
relevância
do trabalho dos professores diante dos desafios de educar?
A
nossa resposta é necessária para iluminar
a reflexão sobre a necessidade de ressignificar o trabalho dos
professores. Ou seja, numa sociedade do conhecimento a educação
escolar cumpre uma tarefa de grande significado, pois os níveis de
escolarização que a pessoa adquire passam a ser o diferencial para
a qualidade
de vida e condição de possibilidade para a melhoria das suas
vivências.
A
partir da sua atividade, o professor ao responder essas perguntas
estará compreendendo como os saberes docentes, que não são
revelados a não ser exercendo a docência, podem ser explicitados
pela prática reflexiva do ensino. Ou seja, os professores, ao
refletirem como agem em determinadas situações em sala de aula,
estarão enfatizando o trabalho docente e, por meio dos conteúdos de
ensino, pensando, simultaneamente, como estes mudam, alteram,
modificam e transformam o próprio ensino.
É
por meio de uma ação reflexiva sobre o trabalho docente que o
professor desvela uma racionalidade que define a docência. A
autoformação do professor pede o domínio dos conteúdos de ensino,
dos elementos do processo didático em ação (avaliação,
planejamento, ensino e aprendizagem) e da técnica da gestão da sala
de aula.
Desse
modo, o professor desenvolve pela sua experiência uma prática que,
mediada pela reflexão, gera um conhecimento que lhe é específico.
Não existe receita para se formar um bom professor. No entanto, é
daí que emerge a ambiguidade da docência. O que garante a docência?
Qual o resultado
do trabalho dos professores para a efetiva aprendizagem dos alunos?
Qual
a certeza de se conseguir o que se planejou no final da atividade
proposta pelos professores na sala de aula? Será que basta a
formação numa licenciatura para se ser um bom professor? Se a
formação universitária não assegura a formação de um bom
professor, de que vale a universitarização da profissão? O que faz
um bom professor? No seu cerne, a docência é um ofício que se faz
modernamente como uma profissão.
Portanto,
se aprende a ser professor por uma conquista de ser humano, fazendo
no outro a própria humanidade. É pela alteridade de reconhecer o
outro que se faz a docência. Não é algo simples a formação de
professor. É um desafio contínuo ser professor. É uma conquista
que se faz dia a dia, em cada atividade, na aula, na sala de aula, na
escola, com os alunos, com os colegas professores e até com os pais
dos alunos. O conteúdo de uma aula não está apenas
no conteúdo a ser ensinado, mas na realização da formação do
humano, tornando-o outro ser humano, que se faz educando.
Mas
a ação dos professores no seu trabalho é uma atitude profissional,
pessoal e política. O professor é sujueito que, desafiado pela
responsabilidade frente às demandas da sociedade, tem, no seu
compromisso com a utopia e na emancipação – enquanto tarefa ética
de respeito incondicional – a dignidade do ser humano.
Os
professores precisam de incentivo no desenvolvimento do trabalho
docente. Para a elaboração do design
didático,
por meio do planejamento, a feitura de uma aula exige criatividade e
conhecimento, sobretudo, mobilizados numa situação de ensino e
aprendizagem. A docência pede ao professor que transforme informação
em conhecimento e conhecimento ensinado em aprendizagem.
Casemiro
Campos
Mestre
e Doutor em Educação pela Universidade Federal do Ceará.
Professor, pesquisador na área de formação de professores,
conferencista, gestor e consultor em educação.