E.E.F.M. Padre Luís Filgueiras

quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Cordel: Entretenimento e Educação

Cordel quer dizer cordão,
Mas esse que eu vou mostrar
É um gênero textual,
É poesia popular,
É lúdico paradidático,
Suporte eficaz e prático
Para o docente educar.

O cordel dispensa status,
Pompa do academicismo.
É leve, é jocoso, é sério,
Épico que “veste” o lirismo;
É literatura séria,
Tem origem na Ibéria,
Nasceu do trovadorismo.

O cordel chega ao Brasil
Com os colonizadores,
Segundo a afirmação
De vários pesquisadores.
Desde que aqui aportou
Entreteve e educou
A matutos e doutores!

Sob a luz da lamparina
Em todo lar nordestino
Fez sonhar, chorar e rir
Homem, mulher e menino.
E eu me alfabetizei
Pelos cordéis que escutei
Do meu irmão Severino.

Foi vendido em chão de feira
Por um poeta que lia;
Chegando a modernidade
Quase desaparecia.
Mas hoje é valorizado
E pode ser encontrado
No site e na livraria.

O cordel é divertido,
Mas não é bufão ou bobo.
Calou-se por um período,
Hoje “uiva feito um lobo”:
Inspira música e cinema
E já foi até mesmo tema
Na tela da Rede Globo¹.

Das gentes da “Academia”
Tornou-se assunto de estudos;
Por seus temas incontáveis
E seus ricos conteúdos
Está na educação
E já tem adaptação
Pra cegos, surdos e mudos!

Como gênero textual
O cordel é respaldado,
Até pelos PNC's
É citado e indicado.
Pra estar na educação
Não precisa adequação,
Por si já é adequado.

O cordel reconta fábula,
Lenda, história de Trancoso...
Vai das Mil e Uma Noites
Ao conto maravilhoso,
Sem limites pra sonhar
Ele nos faz viajar
Num “Pavão Misterioso²”.

Nos dá notícias rimadas,
Falando “disso” ou “daquilo”...
Aborda histórias reais
Narrando-as com seu estilo;
E nos faz dar gargalhadas
Ao contar as presepadas
Das “Proezas de João Grilo³”.

Explícito ou nas entrelinhas,
Se o docente observar,
O cordel é muito rico
Pra quem deseja ensinar.
Isto eu afirmo sem medo:
O cordel, em seu enredo,
É multidisciplinar.

Tudo se pode encontrar
Nesse gênero de poesia:
De noções de Matemática
A História e Geografia,
Arte, Ciência e bem mais,
Como os temas transversais
Úteis para o dia a dia.

O cordel, por sua essência,
Pode ser lido e cantado.
Porém pra isso precisa
Ser escrito com cuidado:
Sem fugir à tradição
Só cumpre a sua função
Rimado e metrificado.

Em programas de Governo
O cordel segue seguro:
Chegou às salas de aula,
Saiu do “limbo” obscuro.
Pela sua atuação
Teve notória atenção
No Salto Para o Futuro4!

O cordel me deu espaço
No mundo dos escritores.
Eu como autor cordelista
Conheço bem seus valores.
Sem me fazer de rogado
Quero deixar meu recado
Aos nossos educadores:

O cordel forma leitores,
Mexe com a imaginação.
Por seus enredos rimados
Ler se torna diversão:
Ele entretém e ensina;
Use, em qualquer disciplina,
Cordel na educação!

Rouxinol do Rinaré
É autodidata, reconhecido por seu talento como escritor sendo premiado nacionalmente e tendo sua obra estudada em universidades do Brasil e do exterior.

Notas
1- Referência à novela Cordel encantado, exibida pela Rede Globo de Televisão em 2011.
2- Romance do pavão misterioso, cordel clássico (um dos mais famosos) do autor paraibano José Camelo de Melo Rezende. Texto que inspirou o cantor Ednardo na composição de uma música que se tornou tema da novela Saramandaia (telenovela de Dias Gomes, que foi exibida na Rede Globo, às 22h, entre 3 de maio a 31 de dezembro de 1976).
3- As proezas de João Grilo, cordel de gracejo de João Ferreira de Lima, cujo personagem foi usado por Ariano Suassuna em seu Auto da Compadecida.
4- Referência ao programa Salto para o Futuro (da TV Escola, do MEC) que exibiu de 18 a 22 de outubro de 2010 a série Literatura de Cordel e escola.

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